Como disse Gabeira, em movimentos revolucionários os jovens só servem para serem vampirizados por um bando de velhos manipuladores. Assim, aproveitando a ótima impressão causada por estes alunos que, ao contrário dos paulistas, não depredaram a Reitoria e cumpriram a nobre função de afastar este mau servidor público, aprovou-se a eleição por paridade com os alunos naquele momento.
É eleito uma múmia do Departamento de Direito e as coisas começam a mudar. Começa com a perseguição do candidato derrotado, que acaba tendo que se transferir para outra universidade. Após quase 30 anos na universidade, este Mumm-Ra teve que ganhar um doutorado pelo conjunto da obra, algo parecido com um honoris causa, mas a causa mesmo foi a sua candidatura para Reitor, que não ficava bem não ter doutorado. Assim, ganhou um doutorado honoris política. Geraldão ou simplesmente Zé, como é conhecido pelos alunos, chega a Reitoria.
Isto não me surpreende. Tenho um conceito muito negativo de sindicalistas. Para mim, alguém preferir fazer baderna a trabalhar é bem sintomático. Esta vocação para a vadiagem, para o ócio e para fraudar e manipular assembléias é lamentável. Ontem assisti à Assembléia dos Professores para deliberar sobre o fim da greve. Havia duas posições bem marcadas: a ADUnB pretendia aceitar a proposta do governo e a ANDES-SN pretendia manter a greve. A maioria dos professores está satisfeita com a proposta do governo e quer voltar. A maneira encontrada pela ANDES para manter a greve foi impedir que se fizesse a votação por meio de urna. Assim, após um festival de baixarias e 3 horas de debates estéreis, conseguiram ganhar no grito com o voto dos poucos que sobraram e que estavam ali para aquilo mesmo. Assim, a assembléia foi manipulada e a vontade da maioria foi fraudada pela ANDES.
A gestão do Zé foi talvez a pior da história da Universidade. Com direito a denúncia de corrupção, na qual um operador de copiadora foi promovido a fiscal de contrato da maior prestadora de serviço da universidade e denunciado por tentar extorquir esta empresa. Operários morreram em acidente na reforma do Hospital da UnB e o reitor não foi encontrado para comentar o problema. Ao invés disso, preferiu se esconder. Esta galera não tem muito apreço pelo estado de direito; eles preferem o estado de bagunça ou o estado de polícia contra os seus inimigos. Em consulta da ADUnB, 85% dos professores se manifestaram de forma a se cumprir a lei e garantir que o próximo reitor seja escolhido pelos professores. Aliás, este é um ponto interessante. Um aluno normal, se não for da UNE, deve ficar na universidade uns 5 anos, enquanto que para um professor a universidade é a sua vida. Por que cargas d’água defender que o voto dos alunos tenha um peso igual ao dos professores, na escolha do reitor? Aliás, talvez fosse o caso de se pensar em copiar o modelo americano e implantar uma carreira para os funcionários na qual eles chegassem a assumir as funções administrativas da universidade. Ao invés disso, são eleitos professores, burocratas amadores, que deveriam estar cuidando de questões acadêmicas.
Enfim, o reitor, em mais um golpe, orquestrou para que o Conselho da Universidade sequer fizesse uma consulta formal à comunidade para a escolha de seu sucessor. Decidiram fazer uma consulta “informal”, que não precisa obedecer a lei, que prevê que os professores tenham 70% dos votos. Por fim, diante da péssima avaliação da sua gestão, ele decidiu lançar mão de mais uma jogada. Espalhou os seus colaboradores em várias chapas de forma a evitar a polarização e o julgamento de sua gestão. Criou um formato que garante a ida de seus asseclas para o segundo turno a custa do populismo que pratica junto ao alunado.
Com isto, todos perdem. Para se ter uma ideia do estado de coisas na universidade, os CAs invadem e tomam posse de salas de aula, colocam cadeados em suas portas e a reitoria realoca centenas de alunos para outros lugares, muitas vezes longe dos seus Departamentos, para evitar desagradar seus aliados em sua cruzada populista eleitoral. Esta gestão prefere que os alunos e professores sejam roubados e alunas sejam estupradas do que permitir que a Polícia Militar esteja presente no Campus, afinal a presença da PM pode causar aborrecimentos a alguns maconheiros. Outro dia mesmo o Reitor foi pessoalmente soltar alguns alunos que haviam sido presos por colocar fogo em lixeiras da Universidade. Mas o motivo dos alunos foi nobre: alunos que moram irregularmente na Casa do Estudante Universitário não queriam permitir a reforma do complexo residencial.